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Cadeia alimentar/ Terra água e biocombustíveis

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Mensagem  Iran Ter Ago 11 2009, 10:55

Revista Pesquisa

Terra, água e biocombustíveis



Quanto vale o seu almoço se você pensar na quantidade de água e terra necessárias para que ele exista? Para que o arroz com feijão, bife e batatas fritas cheguem à mesa é necessária uma série de ações. Primeiro, alguém tem de plantar o arroz, o feijão e a batata. Também é preciso engordar o gado. Isso exige que os animais tenham à disposição uma área grande com gramíneas plantadas. É o amido existente nas folhas das gramíneas que faz com que o gado ganhe peso. Depois que os vegetais são colhidos e o pobre boi é sacrificado, os produtos têm que ser processados e transportados até chegarem, devidamente embalados e higienizados, à prateleira do supermercado. Fica claro assim que essa complicada cadeia produtiva exige que se use água, terra e energia em grandes quantidades.
A rede é mesmo complexa, pois o bife produzido na Argentina pode acabar no prato de um brasileiro ou de um americano. O arroz brasileiro pode contribuir para a refeição de um argentino e o milho americano pode se materializar, na forma de uma deliciosa farofa, no churrasco de um brasileiro.
Com a preocupação cada vez maior em produzir energia renovável, a produção de biocombustíveis tem gerado controvérsias. Uma das questões é tentar entender como a produção desse tipo de combustível irá afetar, no plano local e também no global, a forma como usamos a terra e a água e, por tabela, a maneira como produzimos alimentos? Será que o uso mais intenso de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel, aumentará ou diminuirá a emissão de carbono para atmosfera? Quais tecnologias devem ser utilizadas e como elas irão afetar a forma como estamos usando a terra? Gastaremos mais ou menos água nesses processos?
Diante das mudanças climáticas globais, que exigem a diminuição das emissões de carbono pela queima de combustíveis fósseis, os biocombustíveis vêm sendo adotados principalmente no Brasil e nos Estados Unidos. Mas a forma de produzir biocombustíveis em cada pais é bastante diferente. O Brasil usa uma fração relativamente pequena de sua área para produzir cana-de-açúcar e, a partir dela, o álcool combustível. Os Estados Unidos usam o amido do milho, que é também um produto alimentar importante, para fazer etanol. Juntos, os dois países produzem praticamente todo o álcool do planeta.
A Argentina é um caso distinto. Hoje não produz quase nada em termos de biocombustíveis, mas seu potencial é enorme. Eles possuem uma agricultura forte e produtiva e em regiões como a província de Missiones, próxima ao Paraná, é possível plantar cana e consequentemente produzir álcool. O biodiesel de resíduos é uma solução extremamente interessante para a Argentina e também para Brasil e os Estados Unidos.
A questão sobre os impactos das novas tecnologias de produção de biocombustíveis é ainda mais complexa, pois podem ser adotadas estratégias regionais diferentes em cada país. Para podermos avaliar os impactos, teremos que conhecer estratégias locais e ao mesmo tempo descobrir pontos em comum. Só então, numa ação conjunta, poderemos definir as estratégias que serão capazes de promover o desenvolvimento com o menor impacto global possível.
Em Atibaia, no interior paulista, será realizado um workshop para discutir os possíveis impactos das tecnologias de produção de biocombustíveis sobre o uso da água e da terra. Estarão presentes cientistas brasileiros, americanos e argentinos. Entre os dias 10 e 12 de agosto, de segunda a quarta-feira desta semana, os trabalhos serão fechados ao público, mas o evento será coberto pela imprensa. No dia 13, quinta-feira, serão divulgadas, na FAPESP, as principais conclusões e propostas do encontro.
As principais agências financiadores de pesquisa dos três países -- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), FAPESP, a National Science Foundation (NSF) e oMinisterio de Ciencia, Tecnología e Innovación Productiva (MinCyT) - incentivaram e patrocinaram o evento. Elas têm interesse em financiar projetos de pesquisa internacional nessa área. Juntos, esses países do continente americano querem definir estratégias que permitam usar ciência de alta qualidade a fim de que os recursos naturais sejam utilizados de forma sustentável.

Iran
Convidado


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